segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Minha vida é você!


Caiu. Fazer o quê? Todos caem. Em 2008 o time da marginal caiu. Em 1990, o time do outro lado do muro caiu e, com uma virada de mesa, voltou no ano seguinte. Acontece.
Apenas vamos lembrar a história desse time. Vamos contar a história inteira, e não só os últimos doze anos. Vamos começar a exigir que contem a história desde 1914. Vamos fazer com que lembrem que esse time, que surgiu com o intuito de reunir toda a colônia italiana presente em São Paulo, ganhou seu primeiro troféu com apenas 3 anos de fundação, com uma vitória em cima daquele que viria a ser seu maior rival. 
Em 1920, veio o primeiro campeonato. Um acontecimento que viria a se tornar rotina nos anos subsequentes. A década de 1930 foi excelente. Em 1933, a maior goleada do dérbi paulistano: oito a zero, com quatro gols de Romeu Pellicciari e três gols de Imparato. 
Em 1939, começa a guerra. Alguns anos depois, o Brasil entra na guerra e a Itália se torna inimiga nacional. Com isso, fomos eleitos inimigos da nação, e o time do outro lado do muro tentou se aproveitar da situação para roubar todo o nosso patrimônio. O maior golpe que sofremos na nossa história. Tentaram acabar conosco. Nossos rivais, sempre que ganham um título, gostam de clamar "contra tudo e contra todos"; perdão, rivais, mas vocês não sabem o que é jogar contra tudo e contra todos. Não nos quiseram Palestra, nos tornamos Palmeiras, e nascemos para ser campeões. O primeiro jogo como Palmeiras foi a decisão do Campeonato Paulista de 1942, contra o time do outro lado do muro. Programaram uma grande vaia para quando nosso time entrasse em campo. Sabendo disso, nossos guerreiros adentraram o gramado com o pavilhão nacional, e o resultado foi uma calorosa salva de palmas. Dentro de campo, um massacre. No segundo tempo, quando já estava 3x1 para o Palmeiras, o juiz apontou um pênalti a nosso favor, e nossos inimigos, com medo de tomar uma goleada histórica, tomaram uma decisão covarde, da qual deveriam se envergonhar até hoje, e fugiram de campo. Nascia ali o Palmeiras. Campeão.
Em 1950 e 1951, um dos melhores  biênios de nossa história. Conquistamos as cinco coroas. Duas vezes campeão paulista, campeão do Rio-São Paulo, campeão do Torneio Cidade de São Paulo e campeão mundial. Não adianta espernearem, rivais. Foi mundial. O mundo inteiro sabia. Fomos nós, o time que menos de uma década antes era acusado de ser inimigo da pátria, que restauramos o orgulho nacional após a vergonha de 1950. O Brasil inteiro comemorou conosco após aquele 2x2 com a Juventus de Turim no Maracanã e as manchetes proclamavam "Palmeiras campeão mundial de 'football'".
No fim da década de 1950, sugia o maior time da história, com o maior atleta do século: o Santos, de Pelé. Em 1959 o primeiro grande encontro entre Pelé e Palmeiras: o Supercampeonato Paulista. Em três grandes jogos, o Palmeiras se sagrou supercampeão e venceu a primeira grande batalha contra o Santos de Pelé. Ao longo da década de 1960, o Santos teria se sagrado campeão paulista por dez vezes seguidas se não fosse por três títulos do Palmeiras. Não esqueçamos de mencionar, também, que o Palmeiras foi o primeiro time brasileiro a chegar em uma final de Libertadores e que o Palmeiras foi quatro vezes campeão nacional na década de 1960.
Em 1972, na segunda edição do Campeonato Brasileiro com esse nome, Palmeiras campeão. Em 1973, dose repetida, e o primeiro bicampeão do recém-criado campeonato.
Menção honrosa para a Academia e seu maior craque, o Divino. O atleta que mais vezes vestiu tão gloriosa camisa, e tão glorioso número.
Não gostaria de falar sobre a década de 1980, mas como eu falei de contar a história inteira, vamos comentar. Foi a década perdida. Uma década de vergonhas, em que as nossas maiores conquistas foram um 5x1 e um gol olímpico de Éder, ambos sobre o maior rival. Entretanto, sempre que se fala da década de 1980, o que todos os palmeirenses lembram é aquela fatídica final contra a Inter de Limeira em 1986, em que éramos amplamente favoritos e acabamos perdendo.
Mas aí veio a década de 1990 e a Parmalat. Aí conquistamos algumas das nossas maiores glórias. Em 1993 e 1994, outro grande biênio da história verde: bicampeonatos paulista e brasileiro e um Torneio Rio-São Paulo. Em 1996, a maior campanha do profissionalismo brasileiro: o time que marcou 100 gols em um campeonato paulista, campeão com apenas uma derrota. Em 1998, o nono título nacional, a primeira Copa do Brasil, com aquele gol chorado de Oséas na final. Em 1999, nossa maior glória, o título que ainda traz lágrimas aos meus olhos sempre que recordo: a Libertadores, que começou a canonizar o maior ídolo de nossa história, São Marcos. 
Virou o século. E as glórias secaram. Logo em 2002, o rebaixamento. Lembro as lágrimas que derramei aquele dia na chácara do meu vô. Aquele dia, como hoje, não assisti o jogo. Lá, pela proteção de meu pai; hoje, por compromissos diversos. Em 2003, disputamos a Série B com honra e sob a proteção de um Santo, que recusou uma gorda proposta gunner para disputar a segunda divisão com seu time de coração. O resto da década não nos trouxe muitas alegrias. As maiores foram o rebaixamento do rival em 2007 e o título paulista em 2008.
Em 2010, nosso maior comandante voltou ao time e, com ele, a esperança de dias melhores. Só ilusão. Continuamos reféns de times medíocres e diretorias incompetentes. Ainda assim, como o último fôlego de um doente terminal, ganhamos o nosso décimo-primeiro título nacional: o bicampeonato da Copa do Brasil, que nos deixou, indiscutivelmente, como os maiores campeões do país.
E aqui estamos nós, menos de seis meses depois, amargando outro rebaixamento. Porém, mesmo assim, para tristeza de todos os que tripudiam, esse time nunca vai ser pequeno! E a maior prova é como vocês tripudiam. Se fôssemos pequenos e não incomodássemos, vocês não nos provocariam tanto. Podem provocar. O futebol é isso. Faz parte. Quando os times de vocês estão mal, nós também provocamos. É assim mesmo.
Mas o objetivo deste artigo é dizer o seguinte: caiu? Não tem problema. Nós te levantamos. E meu amor pelo Palmeiras não tem divisão. Série B, C, D, não importa. Palmeiras, SEMPRE vou te amar.

PALMEIRAS, MINHA VIDA É VOCÊ!