domingo, 30 de dezembro de 2012

Poema de Sete Faces


Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo

Carlos Drummond de Andrade.



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Bandeirismos Filosofias e o Fim do Mundo

Acordado
Insone
Pensando em tudo
O que deveria
Ter sido
E não foi
Bandeirismos à parte
Ou nem tanto
Já que o sonho
De Pasargada nunca
Morre
Única saída
Dançar um tango
Argentino
Perdão por novamente bandeirar

Falta

Acabo um e começo outro
Antes de terminar
Já penso no
Próximo
O que vem depois do fim
Pra onde vão as pessoas no
Fim da festa
Para onde
Eu
Vou depois da festa

Crio uma colcha
De retalhos
Literária
Estilo
Para quê
Metalinguagem
Me atrai

Talvez fruto da vaidade
Escrever sobre
Mim mesmo
Parece tão bom

Ando em círculos
Parece que
Nada me satisfaz

Crio
Destruo
Transformo
Copio

O fim se aproxima
Bandeira me inspirando
Penso
Com carinho

Ao seu lado tenho paz
Com você
Tudo se torna completo

O que fazer de minha vida
Futuro
Distante

Não há futuro
O fim
Está próximo
Só o agora
Importa

Deixem que o
Amanhã cuide de si mesmo

Respiro
Escrevo o que vem à mente

Tento ser
Inconsequente
Não faz meu tipo
Não é minha
Vocação

O fim está próximo
Não vou
Me preocupar com amanhã
Não vou fazer planos
Para o novo ano
Quando chegar
Vejo o que faço

Viver um dia de cada vez
Dar um passo de cada vez
Talvez sentir mais

Novamente penso

Mortes não ocorrem
Por pensamentos
Mas por sentimentos

Sufoco o que sinto
Mais uma vez

O que sinto

Não importa

O fim está próximo
Os maias
Não
O fim sempre
Está próximo

Como na música
Não há amanhã

Só há o agora
Isto é o que
Importa

E agora
Eu quero

Amanhã

Não importa

Porque o fim
Está próximo