segunda-feira, 20 de junho de 2016

Reino da Certeza

Década depois o desespero
Bate forte
Tudo o que foi
E tudo o que não quis ser
Parecem
Tão confusos
Os sinais que recebo

Foi o melhor que já tive
Aquela visão
Nunca vou esquecer
Mas nunca tão simples
Porque se simples
Não seríamos
Não poderíamos
E como sempre fomos nós

Como nunca simples
Ao ver a situação em que nos
Colocamos
Já não sabia onde
Estávamos
Ateamos fogo em nós mesmos
Pois éramos muito nós 
Para permanecermos na certeza

E aos poucos tudo evaporava
E já não a via mais não havia mais
O que amava
O que queria
O que sabia
E então
O lugar era outro
Estávamos em meio às árvores
Criando uma vida nossa
E o tempo passava
E não

Posteriormente
O hotel
A nevasca
A mesa à beira do Danúbio
E tínhamos o mundo ao nosso alcance
E podíamos ter o que quiséssemos

O que queríamos era não voltar
E empurramos mais forte
E após anos
Ali estava de novo
Onde tudo começou
Na mesa da lanchonete
Na porta da escola
No banco da praça
No dia do casamento

O vestido branco
A gravata púrpura
O sentimento azul
O toque frio
A hora chegando
A chamada não respondida
Seu nome
Nada
De novo
Silêncio
O medo atravessa palpável

Mais uma vez
A qualquer custo
Não posso aceitar
Uma última chance

Não durma agora isso
Só acontece uma vez
E aos poucos
Vou perdendo
E nada mais pode fazer
Sentido

O olho salgado
Não pode ser
Empurramos demais
Pulamos muito alto

E então sozinho
Esperando por mim mesmo
No mundo que criamos
Deixado aos destroços
Vivi o segundo que nunca acabaria
E aquela cena
Nunca abandonou

E só o que ficou
Por que