quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Por que Deixei de Ser Esquerdista?

Sei que sou muito novo para decidir por uma corrente ideológica, mas, por grande parte da minha vida, fui atraído pela esquerda: primeiro, pela mais radical, simpática a Bakunin; posteriormente, por uma mais moderada, aquela de FHC. Hoje, defino-me como um conservador, e Reinaldo Azevedo, expondo os seus, acabou expondo também os meus motivos para deixar a Esquerda. São esses:

Cheguei aqui quando percebi, felizmente muito jovem, que não era exatamente “socialismo” que eu queria. Eu gostava mesmo era da liberdade. E fui descobrindo que a liberdade, que eu tanto prezava, não tinha, para os esquerdistas e para as esquerdas, a menor importância. Ao contrário: constatei, escandalizado, que a literatura política esquerdista é farta em textos que se encarregam de justificar a opressão. Se o velho conservadorismo o fazia em nome de alguns interesses objetivos transformados em abstrações imobilistas — “lei”, “ordem”, “decoro”, “bons costumes”, “pátria”, “nacionalismo” —, as esquerdas esmagavam o homem, muito especialmente os pequenos, em nome da libertação da… vítima!!! E não tenho a menor dúvida de que a esquerda, nesse particular, consegue ser ainda mais imoral do que a direita mais escancaradamente reacionária. Esta, ao menos, não espera contar com a colaboração da vítima na consecução de sua própria desgraça.
Inexiste marxismo militante sem a consideração de que a “consciência” do oprimido será necessariamente “falsa consciência” se sua ação não estiver afinada com os interesses de sua classe. Expresso-me em termos que me parecem ainda mais exatos e consoantes com a teoria: para os ditos marxistas, a consciência do oprimido será sempre falsa consciência se sua ação não estiver afinada com o horizonte histórico de sua classe. E o que é esse horizonte histórico? Cai do céu? Nasce na árvore da vida? Nasce, para usar uma expressão do próprio Marx, da “árvore dos acontecimentos”? Não! Quem define o seu conteúdo são os próprios revolucionários, organizados num partido. Não duvidem: cada um daqueles bobalhões que integram partidecos de esquerda nas universidades está certo de que conhece o “horizonte histórico” da classe operária e dos oprimidos, em nome dos quais julgam falar.
O modelo é muito parecido com o das religiões, que tendem a distinguir aqueles que conhecem a palavra revelada daqueles que não conhecem. Para as esquerdas, ou os homens aderem à sua causa e seguem a sua pauta ou são seres que estão à margem da marcha da história. Quando aquelas almas truculentas organizam um piquete para impedir a entrada de estudantes ou de professores num prédio, acreditam ter o direito de impor a sua vontade à maioria, ainda que ela queira o contrário, porque ou se vêem enfrentando os reacionários, que criam obstáculos à marcha revolucionária, ou se consideram os iluminadores, cuja tarefa é revelar aos próprios oprimidos qual deve ser a sua “verdadeira consciência”.
Debate ideológico
Não por acaso, meus queridos, com as exceções que sempre existem, os cursos da nossa querida “Fefeleche”, da USP (e é assim nas faculdades de humanas do Brasil inteiro), são quase sempre variações em torno do mesmo tema: na Filosofia, na História, nas Ciências Sociais, na Geografia e até nas Letras, a esmagadora maioria dos professores — e os alunos sabem que estou dizendo a verdade — está quase sempre empenhada na, como vou chamar?, “desconstrução do discurso ideológico”. É como se o mundo fosse uma maquinaria infernal, uma tramóia de potentados, a criar falsas narrativas que fizessem a realidade girar em falso para enganar incautos, cabendo-lhes, então, a tarefa do deslindamento, do desvelamento, da revelação. Isso também é muito freqüente nas escolas de jornalismo. Os alunos são treinados para tentar “desconstruir” a ideologia de seus chefes ou dos veículos nos quais vão trabalhar. Antes que a garotada consiga fazer um lead direito e possa organizar uma apuração, não incitados a “caçar” intenções sub-reptícias.
Muito bem! Foi contra esse fundamentalismo estúpido que me rebelei há muitos anos e do qual, felizmente, me libertei, passando a enxergar, então, um mundo novo: nem melhor nem pior, mas outro, em que os indivíduos respondem por suas escolhas; em que não me julgo portador da verdade revelada com que medir a consciência alheia; em que a vontade do outro é, afinal, a vontade do outro, e não me cabe ser juiz de sua escolha ou da pureza de suas opções. Ele que arque com as conseqüências da alternativa que abraçou! É absolutamente legítimo que eu tente convencê-lo, mas será sempre uma violência, numa democracia, tentar impedi-lo de fazer alguma coisa ou forçá-lo a fazê-la se não há uma lei que a tanto o obrigue.
Bem fundamentalSim, meus caros, a liberdade é um bem fundamental e inegociável. E é uma lástima que ela seja tão desprezada, maltratada, ignorada, violentada justamente nas universidades. É uma lástima, mas não uma surpresa. É no ensino universitário que se encontra o maior número de esquerdistas por metro quadrado. Alguns bobalhões hão de dizer que a esquerdização é diretamente proporcional à informação. Bobagem! O problema é que o marxismo surge e se consolida num período em que as teorias de engenharia social eram muito influentes. E certa casta de intelectuais chamou para si a tarefa de desenhar um novo homem — daí que, acreditem!, há quem chame o marxismo de “ciência”. No mundo inteiro, sem exceção, essa onda passou. Por alguma razão, a universidade brasileira é a última a cultivar esse atraso e a infernizar a vida dos jovens com seus delírios.
Há dias, na Folha, um grupo de seis professores, liderados pelo “psolista” Chico de Oliveira, vituperava contra uma universidade aberta para as empresas e para o mercado!!! Vejam que absurdo, não é mesmo? Onde já se viu a USP fazer o que fazem Harvard, Oxford ou o MIT, lá onde o comuna Noam Chomsky dá aula: dialogar com o mercado?!?!?! Não pode! Chico de Oliveira, teórico do PSOL, quer uma universidade empenhada em fazer revolução. Como não dá e como ele sabe que a revolução não vai acontecer, ele se contenta com uma universidade cheia de psolistas… Já está bom!
Pão e liberdadeHá dias, num debate, o escritor Fernando Morais, que já se declarou um bolivariano, partidário de Hugo Chávez, brindou os que o ouviam com uma de suas rotineiras indignidades. Ao defender ainda outra vez o regime cubano — os Irmãos Castro são os maiores assassinos por 100 mil habitantes da moderna história latino-americana —, contestou a fala do outro debatedor, que citou Nelson Rodrigues: “Prefiro liberdade ao pão”. Com a vigarice intelectual característica da esquerda, apimentada por outra de que só ele é capaz — é bem verdade que Morais foi um esquerdista que ganhou o direito a uma vida estável nos braços do quercismo!!! —, deu a resposta que, historicamente, serviu para o assassinato de 25 milhões na União Soviética, de 70 milhões na China, de 3 milhões no Camboja, de 100 mil em Cuba (só para não esquecer). Afirmou então: “Vá perguntar para uma mãe que está enterrando um filho de quatro anos o que ela prefere.”
Que bom que eu não estava presente. Ou teria vomitado nele! O pão sem liberdade, seu clown dos tiranos, é o pão da humilhação, é o pão da sujeição, é o pão da indignidade, é o pão das ditaduras, é o pão da vilania, é o pão da chantagem. “Mas o que é a liberdade sem pão?”, podem gritar a moça e o moço que são reféns desses “revolucionários” pendurados na universidade pública, que acenam aos jovens com suas utopias do século 19 e depois vão brigar por seus qüinqüênios (ainda cheio de tremas…) com a agudeza burocrática dos guarda-livros…
Sou tentado a afirmar, para escândalo de muitos, que uma liberdade realmente digna do nome traz consigo, necessariamente, o pão. Mas aí seriam necessários outros tantos quilômetros de texto. Então prefiro uma saída oferecida pela lógica elementar, que um comunista folgazão e pançudo, que adora as conquistas do capitalismo, como Fernando Morais, é incapaz de reconhecer: quem é livre pode lutar por pão, mas quem come o pão que a tirania amassou pode ser condenado a ainda mais sujeição.
EncerroA minha repulsa, como se nota, aos trogloditas das universidades públicas, sejam professores, alunos ou funcionários, ou àquele fascistóide que produziu aquele cartaz ignominioso não decorre só do meu ânimo para a polêmica. Eu realmente acho inconcebível que alguém outorgue a si mesmo ou a seu grupo o direito de impor ao outro uma vontade, uma agenda ou uma pauta ao arrepio dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição e pelas leis que regem a democracia brasileira.
Moças e moços das universidades brasileiras, apeiem do poder, pelo voto, esses que os oprimem. Vocês não têm nada a perder a não ser os grilhões. Vocês não estão condenados a suportá-los. Todos estamos condenados, isto sim, à liberdade. E o seu exercício, acreditem, não é assim tão fácil.
NÓS SOMOS AQUELES QUE LUTAM PELA LIBERDADE QUE SE FAZ PÃO!

2 comentários:

  1. O motivo de ter deixado de acreditar na esquerda foi exatamente de ter percebido a sua imoralidade, a sua total hostilidade a qualquer um que pense diferente das suas ideias e a sua auto-glorificação; desculpando-se de seus crimes cometidos durante dois séculos e acusando caluniosamente os adversários.
    Isso porque,seus pensamentos são sempre distorcidos e inconsistentes à realidade, fazendo uma interpretação delirante, tal como bem observou o psiquiatra Paul Sérieux.

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  2. Errata: Paul Sérieux descreveu sobre o delírio de interpretação, mas quem detectou isto na mentalidade esquerdista foi o filósofo Olavo de Carvalho.

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