sábado, 30 de outubro de 2010

Eleições 2010

Tenho evitado, há um bom tempo, updates falando sobre política neste blog; no segundo turno, este assunto se tornou enfadonho e irritante. Porém, agora a dois dias da eleição e depois do último debate, faz-se necessário um comentário. Para quem espera imparcialidade, vou tentar, mas não prometo.

Essas eleições foram pautadas por debates religiosos até certo ponto irresponsáveis. Falar sobre o aborto da forma como foi falado nessa eleição é muita leviandade. O aborto não pode ser visto como um crime, pura e simplesmente; deve ser tratado como um problema de saúde pública. Como foi tratado no governo FHC, quando José Serra era ministro da Saúde e regulamentou o aborto (regulamentar é diferente de regularizar; o aborto e a união de homossexuais devem, na opinião deste blog, ser regulamentados, não regularizados; regulamentar é estabelecer regulamentos, enquanto regularizar é liberar).

Outra questão importante desta eleição é o tema "privatização". Na opinião deste blog, o Estado deve ser responsável, apenas, por oferecer saúde (e, nisso, inclui-se saneamento básico), segurança e educação; o que passa disso é planificação de economia. E, se for pra planificar, planifique de uma vez; melhor do que ficar pagando de economia capitalista pro mundo. E quem disse que as privatizações foram ruins para o Brasil? O PT? Não. Durante o segundo mandato de Lula, em 2007, Ivan Valente propôs a re-estatização da Vale; o PT foi veementemente contra (podem ver neste link: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-que-o-pt-esconde-o-pt-fez-a-mais-entusiasmada-defesa-da-privatizacao-da-vale-e-provou-o-bem-que-a-decisao-dos-tucanos-fez-ao-pais/). Se até o PT diz que as privatizações foram boas para o Brasil, porque temos a impressão de que o PSDB se envergonha delas?

Outro ponto primordial desta (?) eleição é a corrupção. Neste ponto, apenas citarei nomes e fatos: José Dirceu, Erenice Guerra, Paulo Souza, Amaury Ribeiro Jr, Fernando Collor de Mello, Verônica Serra, quebra de sigilo, tráfico de influência, Aécio Neves, guerra interna, licitação do metrô, Rodoanel, Mensalão, Aloprados, Sanguessuga.

Nesta eleição, também foi dada muita atenção à Democracia. Existiu um temor entre certos setores da sociedade de que a candidata petista daria sequência a um plano de transformar o Brasil em uma ditadura populista de esquerda. Prefiro não comentar isso. Gostaria de comentar as agressões que a Democracia brasileira sofreu durante a campanha eleitoral. O STF considerou CENSURA o veto aos arquivos da candidata petista durante a ditadura; onde há censura, não há Democracia. A agressão sofrida por José Serra no Rio de Janeiro obviamente não é uma atitude de quem presa pelos valores democráticos; não importa se foi bolinha de papel, rolo de fita crepe ou um tijolo. Não se pode ADMITIR que isso ocorra em uma Democracia. Como disse que tentaria ser imparcial, citarei também o episódio do balão d'água que foi atirado em Dilma (apesar de achar estranho a assessora dela estar com um guarda-chuva, do PT, aberto ao lado da candidata, sendo que não havia tempo de chuva). Outra agressão à Democracia foi o comportamento do Presidente da República durante a campanha; como cidadão, ele tem o direito de escolher o (a) candidato (a) que ele quiser e fazer campanha pra ele. Mas não pode cancelar compromissos oficiais para fazer essa campanha; e, muito menos, fazer campanha e ofender o candidato de oposição em um compromisso de agenda oficial. Isso não é papel de um chefe de Estado democrata.

Nos debates, José Serra se mostrou, na maioria das vezes, melhor preparado do que Dilma (principalmente no debate da Rede Globo). Isso é extremamente natural. Ele tem mais tempo na política e já concorreu várias vezes a cargos no executivo, enquanto Dilma nunca concorreu em eleições. Serra fala melhor e tem melhor domínio da Língua Portuguesa. Dilma, não se sabe se por recomendação dos marqueteiros e de Lula, “esquecia-se” de plurais e afins. Abusava de algumas palavras em determinados momentos, e todos sabemos que não devemos repetir muito uma determinada palavra. Dilma não se mostrou bem preparada para o debate. Isso conota uma certa arrogância, mas não quero pensar que é isso.

Algumas pesquisas foram extremamente contestadas pelo candidato do PSDB. Ele e seu partido disseram haver uma “crise de metodologia” nos institutos de pesquisa. Como eles erraram FEIO no primeiro turno, não sei se discordo muito deles; mas, na maioria das vezes, essa reclamação parece choro de perdedor.

Agora, falemos sobre propostas. Eu confesso que não enxerguei muitas propostas de Dilma desde o começo da campanha eleitoral. Ela fala apenas de “continuar e ampliar”, mas não diz como fará isso. A maioria das propostas que enxerguei foram copiadas do plano de governo tucano: “Rede Cegonha” (Mãe Brasileira, para os tucanos), corte do PIS/COFINS (que figura no plano tucano desde o começo da campanha) e criação de policlínicas (implantadas por Serra em SP e figurando em seu plano, também). Outras propostas, como a criação de seis mil creches, são de execução extremamente complicada e não dependem apenas do Governo Federal. Sobre as propostas de Serra, existem as já citadas neste parágrafo, além de outras que merecem citação: a criação de vários AMEs, a instituição de dois professores na primeira série do Ensino Fundamental, a criação do Centro de Reabilitação Zilda Arns (parente do já existente em terras paulistas CR Lucy Montoro), e propostas que este blog considera de difícil execução, como o aumento do salário mínimo para R$600,00, o aumento de 10% para todos os aposentados e o décimo-terceiro do Bolsa Família; essas propostas de difícil execução podem acabar quebrando a Previdência Social.

Quanto ao passado dos candidatos, ambos têm belas histórias de luta contra o regime militar. Serra foi exilado no Chile e, perseguido também pela ditadura chilena de Pinochet, nos EUA; Dilma preferiu a ilegalidade e foi guerrilheira no Brasil, sendo presa e torturada. Este blog acha (grifem: ACHA, não tem provas) que Dilma era uma burocrata do grupo; ou seja, não tomou parte nos crimes que dizem terem sido cometidos por ela. Uma coisa que o autor deste texto acha estranha é a vergonha que Dilma parece ter da luta armada. Ela não gosta de se referir a esse passado, enquanto outras personalidades como Fernando Gabeira, Aloysio Nunes, José Dirceu e José Genoíno têm orgulho de dizer que participaram dessa luta de guerrilhas contra o Regime Militar. Por isso acho que ela não tomou parte na luta armada. Serra tem uma biografia política invejável: secretário de Planejamento no governo Montoro em São Paulo, deputado constituinte, deputado federal, senador, ministro do Planejamento de FHC, ministro da Saúde de FHC, prefeito da maior cidade da América Latina e governador do estado mais importante do Brasil. Dilma também tem uma bela biografia política, mas seus cargos foram mais de bastidores: secretária de Finanças da prefeitura de Porto Alegre, secretária de Minas e Energia do governo sul-riograndense, ministra de Minas e Energia de Lula e minstra-chefe da Casa Civil de Lula. Não farei aqui a propaganda absurda de que ela não tem experiência política para governar o Brasil, porque FHC nunca tinha ocupado um cargo no Executivo quando foi eleito Presidente; Lula, também não. Logo, experiência não é tudo.

Creio ter falado tudo. Tentei ser o mais imparcial possível até aqui. Os que buscam imparcialidade devem parar de ler aqui.

Para terminar, este blog recomenda o voto em José Serra.        

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