quinta-feira, 9 de junho de 2011

Filosofia Cristã

Quando Alexandre atingiu o auge de seu império, começou-se a imaginar que o mundo poderia ser “um”, ou seja, poderia estar todo sob o comando de UM imperador. Esse conceito é o que possibilita a criação de uma religião universal, no caso, o cristianismo.
Constantino declara o cristianismo a religião oficial do Império Romano. Quando os bárbaros invadem Roma, o cristianismo sobrevive e se institucionaliza, tornando-se símbolo de poder. A partir de então, as principais obras filosóficas passam a discuti-lo.
Santo Agostinho, principal expoente da Patrística (conjunto de textos escritos pelos primeiros padres –pais- da Igreja) utiliza-se da filosofia de Platão para explicar o cristianismo. Ele recorre ao dualismo platônico para explicar os dois mundos existentes: a “Cidade de Deus” e a “Cidade dos Homens”, sendo aquela superior a esta.
Semelhantemente, Agostinho também recorre ao dualismo platônico para defender a ideia de que a alma é superior ao corpo (Platão defendia que o mundo das ideias é superior ao mundo real). Segundo Agostinho, a alma teria sido criada para que o homem pudesse ser governado por Deus. O homem pecador, entretanto, utilizar-se-ia do livre-arbítrio para inverter essa lógica. O pecado, longe de ser natural, originar-se-ia da vontade humana. Para Agostinho, essa seria a personificação da submissão do eterno ao transitório.
Ainda conforme as ideias agostinianas, a salvação viria apenas pela graça divina, unida às boas obras praticadas pelos homens, sendo que, essencial seria a primeira, sem a qual a segunda não existiria. O filósofo natural de Hipona também afirmava que a fé teria precedência sobre a razão, porque aquela revela verdades ao homem de forma direta e intuitiva, para, posteriormente, a razão esclarecer aquilo que a fé antecipou.
Outro importante filósofo católico é São Tomás de Aquino, principal expoente da Escolástica (produção filosófico-teológica proveniente das escolas criadas por Carlos Magno no Renascimento Carolíngio), que se utiliza da filosofia aristotélica para explicar o cristianismo.
Retomando as ideias de Aristóteles, o monge dominicano Tomás de Aquino enfatizou a importância da realidade sensorial, ressaltando uma série de princípios considerados básicos. Primeiramente, o princípio da não-contradição, segundo o qual o ser é OU não é (nada pode SER algo e, ao mesmo tempo, NÃO sê-lo).
Também ressaltou o princípio da substância, que afirmava que podemos, nos seres, distinguir a substância (a essência, aquilo que sem o qual o ser não existe) e o acidente (qualidade acessória do ser), o princípio da causa eficiente (todos os seres que captamos são seres contigentes, não possuindo a causa eficiente de sua existência, dependendo de um ser necessário), o princípio da finalidade (todo ser tem uma finalidade, uma CAUSA FINAL) e o princípio do ato e da potência (o ato é o que o ser é hoje, ao passo que a potência é aquilo que ele pode ser).
Dessa forma, a filosofia tomista propõe cinco provas da existência divina:
1.                          O primeiro motor – Tudo aquilo que se move necessita ser movido por outro ser. E esse ser precisa de outro ser movente, e assim sucessivamente. Dessa forma, se não houvesse um primeiro ser movente, cairíamos num processo indefinido; esse primeiro ser é Deus. (Deus é o que faz o mundo se mover)
2.                          A causa eficiente – Todas as coisas existentes no mundo devem ser consideradas efeito de alguma coisa. Tomás de Aquino afirma ser impossível remontar indefinidamente à procura das causas eficientes. Logo, é necessária a existência de uma causa primeira: Deus (Deus é o agente).
3.                          Ser necessário e ser contingente – Variante do segundo, afirma que todo ser contingente, do mesmo modo que existe, pode deixar de existir. Se tudo pode deixar de existir, então, alguma vez, nada existiu. Mas, se assim fosse, ainda hoje, nada existiria, pois aquilo que não existe começa apenas a partir de algo que já existia. Logo, faz-se necessário admitir a eterna existência de algo, um algo NECESSÁRIO. Esse ser necessário seria Deus (Nós podemos deixar de existir; Deus, não).
4.                          Os graus de perfeição – Afirmamos, sempre, que alguma coisa é “mais” ou “menos” do que outra. Ora, se uma coisa possui “mais” ou “menos” determinada qualidade, supõe-se, então, que deva existir um ser com o máximo dessa qualidade, no nível da perfeição. Devemos admitir, então, que existe um ser com o máximo de bondade, beleza, poder e verdade, sendo, portanto, um ser máximo e pleno: Deus (existe apenas um ser perfeito: Deus).
5.                          A finalidade do ser – Todas as coisas cumprem uma função, uma finalidade. Dessa forma, devemos admitir que existe um ser inteligente dirigindo a natureza e tudo o que acontece. Esse ser é Deus (Deus é a causa final de tudo).
        
Por essas realizações São Tomás de Aquino foi proclamado como o Doutor Angélico e como o Doutor por Excelência, sendo, até hoje, reverenciado por vários filósofos.

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