quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Amor à Platão

  Tinha um olhar lindo. Seus olhos transmitiam pureza. Quando a vi, não conseguia parar de pensar em seu olhar. Aquilo ficou na minha cabeça por dias. Fazia de tudo para encontrá-la, mas parecia que o destino não queria isso. Procurei por ela na cidade toda. Andava e andava procurando-a.
  Não conseguia parar de pensar naquele olhar. Passava horas seguidas lembrando, maravilhado com a beleza daqueles lindos e serenos olhos. Como aquele olhar me transmitia tranquilidade. Como ela era linda. Será que encontraria palavras em nossa língua para descrever aquele olhar? Seriam olhos de ressaca como os machadianos olhos de Capitu? Não. Aquele olhar me transmitia certeza, não a dúvida. O mais interessante é que não consigo me lembrar da cor dos olhos dela. Apenas lembro a serenidade que eles me passavam.
  Lembro-me, também, da voz dela. Soava como a mais doce melodia já executada por mãos humanas. Suas palavras eram doces. Aliás, se existe uma palavra para descrevê-la é doçura. Como ela era doce. Não conseguia tirá-la de minha mente. Tudo me lembrava ela. Ela era linda. Precisava encontrá-la.
  A cada instante que passava, tudo piorava. A visão de seu rosto vinha de encontro ao meu pensamento sempre. Para mim, ela era a mais bela criatura de todo o mundo. Lembrava de seu perfume. Lembrava de sua voz, de seu olhar. Parecia que tudo o que havia nela era perfeito. Vê-la era uma necessidade.
   A insanidade começava a tomar conta de mim. Tudo era ela. As nuvens no céu, a música que eu ouvia, as pessoas que via na rua. O meu mundo era feito daquele olhar tão sereno. No meu coração, ela era perfeita. Estava apaixonado. Não. Mais do que isso. Estava obcecado. Precisava dela.
  Tinha visto aquela perfeição apenas umas poucas vezes. Mas precisava vê-la. Não era necessário beijá-la, ou mesmo tocá-la. A simples visão de sua face me satisfaria. Mais uma vez, saí na vã esperança de encontrá-la. Vagava sem destino, torcendo para que ela estivesse ali quando eu cruzasse a esquina. 
  Tinha perdido a esperança. Então, cruzei a esquina. Meu coração quase saiu pela boca. Era ela. A mais perfeita visão que um ser humano já teve. Estava linda. Era linda. Cumprimentei-a com um abraço e segui meu caminho, satisfeito, por vê-la. Era o que eu precisava.

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