segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Affair

          Não era nem dez horas da noite quando eles chegaram. A casa estava toda remexida. Aquilo nunca havia acontecido antes. Assustaram-se e começaram a vasculhar todos os cantos da casa. Nada estava faltando. Era um grande mistério. O que havia ocorrido naquela noite?
Decidiram investigar. Meia hora depois das dez, chamaram o vizinho da direita e perguntaram se ele havia notado alguma atividade estranha no local. Disse que não. Havia saído e acabara de chegar. O vizinho da esquerda adormecera e não percebera nada. A casa logo à frente estava vazia.
Uma hora depois das dez, resolveram deixar de lado e acharam melhor ir para a cama. Tiveram uma noite sublime e tensa, suave e angustiante. Acordaram seis horas depois das dez, com um barulho no andar de baixo. Desceram para ver o que se passava. Um homem de estatura mediana, com uma arma na mão e uma máscara no rosto apontava para os dois e mandava que se vestissem.
Meia hora depois ele explicava o que queria com eles e dizia que não tinha a intenção de roubá-los. Desejava apenas divertir-se. Gostava de ver o desespero das pessoas. Disse para eles se acalmarem e não cometerem nenhum exagero, sob pena de morrerem. E exigiu que fizessem toda a sua vontade. Foram obrigados a concordar.
O primeiro desejo do maníaco foi ver um beijo dos dois. Beijaram um beijo sem graça, sem açúcar, sem tempero nenhum. O bandido exigiu que se beijassem de novo. Desta vez, com mais vontade. Exigiu ver amassos, abraços, mãos, línguas, tudo. Depois disso, beijaram-se com vontade.
Quando isso aconteceu, já havia passado sete horas das dez. Depois de ver os dois se beijando, o bandido exigiu um beijo da mulher. Ela recusou. Ele tirou a máscara. Ela deu um berro. Era seu marido. Ela havia sido pega no flagra. Xingamentos foram ouvidos naquela noite. Cinco tiros e muita confusão depois, os vizinhos chamaram os policiais.
Os policiais entraram na casa e se depararam com três corpos estirados no chão e uma arma na mão da mulher. A polícia investigou e chegou à conclusão de que a mulher havia matado os dois e dado fim à própria vida. Mas uma coisa passou despercebida. Os policiais não perceberam que o terceiro corpo não era do amante.

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